segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Forídeos


Sem dúvida alguma, os parasitas mais perigosos para as abelhas sem ferrão são os forídeos, pequenas moscas do gênero Pseudohypocera. Eles são os responsáveis pelas maiores dores de cabeça de um meliponicultor, causando muitas perdas de colônias e imensos desastres no desenvolvimento da colmeia.

Os forídeos são pequenas moscas que se movimentam muito rapidamente, conseguindo entrar nas colônias facilmente. Ao invadirem as colônias, as fêmeas destes insetos depositam seus ovos em potes de mel e pólen rompidos e favos de cria amassados, partidos ou melados, de onde nascem larvas pequenas e vorazes que se alimentam do mel e, principalmente, do pólen acumulado pelas abelhas, prejudicando os estoques de alimento da colônia e, ainda pior, as células de cria nas quais o pólen é estocado para a alimentação das larvas em desenvolvimento.


Estas mosquinhas são capazes de colocar muitos ovos em uma colônia parasitada. Como os ovos “amadurecem” muito rápido, as larvas infestam a colônia, e em poucos dias são capazes de eliminar uma colônia. Os forídeos na fase adulta causam pouco ou nenhum estrago nas colônias, os machos principalmente, só entram para se alimentar e vão embora, porém as larvas é que causam uma grande devastação nas colônias.
É no período chuvoso que os forídeos se reproduzem e atacam com mais intensidade. Portanto, é nas regiões e épocas mais úmidas que o meliponicultor deve investir mais atenção no combate as mosca.
A melhor forma de evitar problemas com forídeos é a prevenção. Colônias fortes e organizadas não são presas fáceis para o ataque dos parasitas, ou seja, a prevenção começa com o bom manejo das caixas. Populações fortes mantêm as frestas das caixas vedadas e realizam com mais eficiência o trabalho de defesa na entrada e no túnel de ingresso, impedindo a invasão e a infestação.
O pólen é o grande recurso buscado pelos parasitas dentro da colônia, portanto, o trabalho do meliponicultor no dia-a-dia (durante transferências, divisões, avaliações e coleta) deve buscar o mínimo dano possível aos potes de pólen. O mesmo vale para as células de cria verde, onde a presença de pólen é maior, já que as larvas ainda não o consumiram.
A rotina de visitas do meliponicultor ao meliponário também é importante para o combate aos forídeos. As vistorias periódicas realizadas nas colônias possibilitam ações imediatas a episódios de invasão, minimizando a probabilidade de infestação avançada.

A forma mais eficaz de combater os forídeos é instalando armadilhas de vinagre para a captura das moscas, antes que elas botem seus ovos nos potes de alimentos. A armadilha é simples de se fazer e o seu custo é muito baixo.
O vinagre tem um cheiro ácido, semelhante ao gerado pelo pólen exposto e/ou mel derramado, grande atrativo para as mosquinhas entrarem nas colônias atraídas pelo cheiro, acabando caindo dentro do líquido, onde morrem. Qualquer vinagre poderá ser utilizado, mas o vinagre que mais atrai os forídeos é o vinagre de maçã, pois ele é ácido igual os outros, mas tem um leve toque adocicado, como se fosse o mel da abelha.
Para fazer as armadilhas é muito simples. Basta fazer alguns furinhos na tampa de um recipiente que caiba em lugares acessíveis dentro caixa, geralmente são utilizados potinhos de gliter ou lantejola, preenchendo-o até a metade com vinagre e introduzi-lo em colônias atacadas. Em cada inspeção, o vinagre deve ser trocado, até que não apresente mais forídeos capturados. É importante que os furos sejam grandes o suficiente para a entrada dos forídeos, mas pequenos o suficiente para não permitir a entrada das abelhas, que também são atraídas pelo cheiro do vinagre. O mais indicado é que os furos tenham entre 2 a 3 mm de diâmetro.


As armadilhas também podem ser colocadas pelo lado de fora da caixa, mas o mais aconselhado é deixar dentro do módulo da melgueira, onde o meliponicultor poderá verificar e retirar com mais facilidade.
Durante a inspeção, o meliponicultor também deverá levar um pequeno arame ou prego que caiba nos furos da tampa da armadilha, pois as abelhas costumam fechá-los para proteger o “alimento” que está lá dentro.


É importante lembrar que as armadilhas só devem ser montadas em caso de presença de forídeos, caso contrário, ela atrairá os forídeos para o seu meliponário. Assim que o controle for feito e não tiver mais casos de forídeos, remova todas as armadilhas.

Uma técnica que está sendo adotada pelos meliponicultores é a instalação de túneis externos ou internos. Entradas extensas dificultam a invasão de forídeos e outros inimigos naturais, uma vez que pelo caminho extenso terá que passar por várias guardiãs. Essa técnica também reduz a entrada de ventos fortes para dentro do ninho. 

Então lembrem-se de sempre fazer o monitoramento em seu meliponário para verificar se há casos de inimigos naturais. 
Em breve falaremos um pouco mais sobre alguns deles. 


Até a próxima!




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